Choques e "agulhas mágicas" forjaram japonês cortejado por astros da bola Responsável por

Carlinhos Sabiá era ídolo do Atlético-PR, mas tinha um estiramento muscular na coxa e poucas esperanças de participar do jogo decisivo do Campeonato Paranaense de 1990. Era um clássico Atletiba e Carlinhos estava desenganado. "Já eram 15 dias parado e os médicos falaram que eu não ia jogar", conta ao Terra. "O Otacílio (Gonçalves), treinador (de outra equipe) na época, soube de um japonês fera em negócio de estiramento. 'Vamos arriscar', falei. Eu fui no escuro e ele me curou em três dias". Sabiá foi a campo, jogou 90 minutos e o empate por 2 a 2 deu o título ao Atlético-PR. Uma história que, 23 anos depois, também pode aproximar o Atlético-MG do seu primeiro título mundial.Fumio Takahashi, 68 anos e no Brasil há 56, é um raro acupunturista que cuida de jogadores de futebol. De Assis, a quem tratou

na década de 90, se aproximou de Ronaldinho ainda nos tempos de Barcelona para curar uma lesão muscular. Exatamente a missão que recebeu do mesmo Ronaldinho em corrida para ter a coxa esquerda a 100% para a disputa do Mundial de Clubes em dezembro.No fim de setembro, Ronaldinho teve lesão em treinamento do Atlético-MG e virou motivo de preocupação para o torneio mais importante da história do clube. Considerada como a contusão mais grave da carreira do jogador, a ruptura do músculo adutor da coxa esquerda exigiu um esforço extra do departamento médico e do próprio Ronaldinho. Além de um elemento normalmente "estranho" na medicina do futebol.

"Santo eu não sou", brinca Fumio"Eu só vou até onde me chamam. Se não chamarem não vou. Santo eu não sou". É assim que Fumio, em entrevista ao Terra, explica a reputação entre os jogadores de futebol. Com as agulhas consideradas mágicas e a técnica Ryodoraku,

ele já tratou Ronaldinho, Deco, Adriano, Fred, Alexandre Pato, Diddier Drogba e até Lionel Messi, entre tantos outros.

"Eu estava em Barcelona para cuidar do Ronaldinho e ele ainda não era titular. Estava sofrendo muito com o posterior (músculo) da coxa e eu tratei, ele ficou bom", conta Fumio. Lembrado sobre os atuais problemas musculares que têm limitado Messi, o acupunturista repete a mesma frase. "Ele não me chamou, o que vou fazer? Não vou procurar ninguém", disse, antes de uma gargalhada.

Fumio se vangloria de jamais ter procurado um jogador de futebol e a verdade é que até a acupuntura é algo de certa forma surpreendente. Sua profissão original é a de químico industrial e foi exercida por cerca de 30 anos. Já aposentado, percebeu que precisava continuar com o trabalho para se manter. Com as agulhas e o conhecimento de química, virou referência em Curitiba, onde tem uma clínica.No Sul do Japão, onde morava, conheceu o método desenvolvido por Yoshio Nakatani na Universidade de Quioto, o Ryodoraku. É a junção de "bom", "eletrocondutor" e "canal". Com agulhas e choques, Fumio Takahashi desenvolveu o dom: "a minha técnica é o segredo", explica. Carlinhos Sabiá ressalta outras virtudes: "o forte é a massagem que ele faz, os aparelhos que tem e a técnica. Mas a mão é que impressionou", diz o ex-jogador e agora empresário. Ronaldinho em ordem para o Mundial

Se Carlinhos Sabiá foi o primeiro desafio de Fumio na relação acupuntura e futebol, o mais recente é novamente Ronaldinho. Especialmente nos dias seguintes à lesão, ele se deslocou até Belo Horizonte, em Minas Gerais, para realizar o tratamento, autorizado pelos médicos do Atlético-MG. Hoje, a menos de um mês do embarque para o Mundial de Clubes da Fifa, as notícias a respeito de Ronaldinho são as melhores possíveis para os atleticanos."Nós fizemos umas 20 sessões e teve todo o esforço dele para se recuperar", define o senhor Fumio, agora com um clube para torcer na reta final de 2013. "Eu só torço para os jogadores que trato. Quando era o Deco, torcia pelo Barcelona. Agora vou torcer pelo Atlético-MG, claro", diverte-se o homem das agulhadas mágicas.